Quais são os alimentos que causam cólica no bebê?

    Quais são os alimentos que causam cólica no bebê?

    24 mar. 2023

    Quem já precisou acalmar bebês com cólica sabe como ela costuma causar irritabilidade, agitação e choro prolongado e pouco consolável. 

    Naturalmente, quem cuida do bebê também é afetado de forma indireta pela cólica. Afinal, ela atrapalha a rotina e pode gerar estresse, ansiedade e insônia¹. Apesar desses incômodos, de modo geral, a cólica é comum2 e não sinaliza nada mais grave.

    De qualquer maneira, considerando como o problema causa angústia nos cuidadores, é sempre interessante saber mais sobre o assunto e tentar formas de aliviar as cólicas, quando possível. Pensando nisso, listamos 6 principais alimentos que causam cólica no bebê para você ficar por dentro. Acompanhe!

    Quais são os alimentos que causam cólica no bebê?

    As cólicas são episódios de choro prolongado, excessivo e pouco consolável. Acontecem em até 40% das crianças e costumam cessar até o quarto mês2. 

    Por isso, conhecer mais sobre o que a ciência tem cogitado como sendo alimentos que causam cólica no bebê ajuda na escolha do que a mãe deve priorizar, considerar retirar ou consumir de sua alimentação com moderação na fase da amamentação. Confira!

    1. Leite e derivados

    O leite de vaca é rico em proteínas e cálcio, prevenindo doenças e ajudando na manutenção da massa muscular da mãe. Em contrapartida, há estudos que indicam que a ingestão de leite de vaca pela mãe pode aumentar as cólicas no bebê3. 

    Aqui, é importante diferenciar duas situações possíveis. A primeira é a chance de laticínios intensificarem as cólicas, mas sem que outros sintomas indiquem uma alergia. 

    Nesse caso, como não se trata de um quadro que impacta o desenvolvimento do bebê, a orientação é de uma conversa com o pediatra para avaliação da necessidade de se retirar esse alimento, pois ele é uma importante fonte de cálcio para a mãe4.

    Ainda que se decida pela retirada, isso é feito em etapas, pois, após a supressão por alguns dias, é importante manter o resto da dieta igual e, depois, retornar com o alimento retirado, para fins de comparação.

    A segunda situação é a alergia à proteína do leite de vaca (APLV), uma condição rara3 e que será diagnosticada pelo pediatra com base no quadro de sintomas, entre eles, cólicas.

    Em caso de suspeita desse diagnóstico pelo profissional que acompanha bebê e mulher, a orientação é a mãe suprimir o consumo de alimentos que contenham leite de vaca ou, se o bebê tomar fórmula, esta deve ser substituída conforme instruções do médico3.

    2. Álcool

    Existe a crença popular de que a ingestão de cerveja preta aumenta a produção de leite materno. Você já ouviu falar nisso? Fique atenta, pois não é verdade. O álcool não deve ser consumido de forma alguma durante a gestação e pode ser ingerido com moderação no período da amamentação.

    Na lactante, a ingestão de bebidas alcoólicas pode afetar a produção de leite materno, alterar seu gosto e sabor (o que também pode impactar na aceitação do leite pelo bebê), bem como deixar a criança irritada e com dificuldades de dormir4. Esses sintomas tendem a se misturar com os da cólica ou torná-los mais intensos.

    3. Cafeína

    Outro consumo da mãe que pode afetar o bebê é o de cafeína, substância conhecida pelo seu efeito estimulante. Consequentemente, pode haver piora dos sintomas da cólica, como choro e irritabilidade3.

    Logo, é recomendado que a mãe controle o consumo de bebidas com cafeína, como café, refrigerante, energético, chá-preto ou mate. O nível adequado varia para cada pessoa, mas, em geral, é válido evitar acima de 300 mg. No caso do café coado, seria o proporcional a duas a três xícaras por dia.

    4. Adoçantes industrializados

    Alguns adoçantes industrializados, presentes em bebidas açucaradas (como refrigerante e suco), podem ter maior presença no leite materno, após o consumo frequente. É o caso da sacarina, substância artificial com o poder de adocicar alimentos. Isso pode contribuir para o surgimento de cólicas no bebê4.

    Outra razão que explica o malefício do adoçante industrializado para lactantes é que ele pode alterar o sabor do leite materno. Como visto, isso pode interferir na aceitação do bebê na hora de consumi-lo.

    5. Chocolate

    Muitos chocolates têm como um dos ingredientes de fabricação a proteína do leite, bem como a cafeína. Como visto, essas substâncias podem ter relação com o aumento de cólica nos bebês.

    Logo, considere reduzir o consumo do alimento durante o período de lactação, caso tenha percebido alguma relação com os episódios de cólica.

     6. Alimentos FODMAPs

    Alguns estudos indicam que o consumo pela mãe de alimentos com carboidratos fermentáveis pode ter relação com cólicas no bebê. Esses alimentos são oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis (ou FODMAP)4.

    Contudo, são diversos os itens dessa classe. Alguns deles são grãos (como trigo), leite e produtos lácteos, leguminosas, vegetais crucíferos (como couve-flor e repolho) e algumas frutas (como ameixa, maçã, cereja). 

    Sendo assim, não é recomendada a retirada desses alimentos, sob risco de deficiência nutricional para a mãe. A indicação é sempre que você busque orientações com o pediatra e com profissionais da nutrição, que são as melhores pessoas para avaliarem se há necessidade de restrições alimentares e em que nível.

    Esses profissionais também podem sugerir substituições, para que não haja deficiência nutricional da mãe nesse processo. 

    Por quanto tempo o bebê tem cólicas?

    Isso varia de caso a caso, mas a grande maioria tem melhoras significativas até os 4 meses1. Essa informação é relevante, especialmente, para que você faça ponderações acerca de possíveis alterações na dieta. 

    A tendência, à medida que o bebê vai se desenvolvendo, é que os sintomas melhorem e eventualmente cessem de forma natural. Isso significa que as cólicas são um quadro que tende à autorresolução.

    Se não há prejuízo à nutrição e ao peso do bebê, não é necessário restringir a alimentação em um período que já exige tanto da mãe. Por isso, a conversa com o pediatra é sempre importante.

    Quais massagens podem aliviar cólicas de bebês?

    Além de saber sobre o que as pesquisas têm cogitado como alimentos que causam cólica no bebê, pode ser útil conhecer massagens simples e benéficas para tornar essas cólicas menos frequentes e intensas5. 

    Para isso, com o bebê deitado em uma superfície, como uma cama, você deve realizar pressões leves e ritmados no sentido horário na barriguinha. Essa técnica pode ser repetida sempre que preciso, mesmo diariamente.

    Também é possível fazer o movimento conhecido com "bicicletinha", com o bebê deitado de costas na cama e com o cuidador segurando as duas perninhas, fazendo movimento de pedalar, pressionando levemente a barriga no processo.

    Entendeu o que a ciência tem cogitado como os principais alimentos que causam cólica no bebê? Então, fique de olho nos sintomas da criança e em possíveis relações entre itens da alimentação materna e uma maior intensidade da cólica. Essas observações podem ser úteis para uma conversa com o pediatra sobre a indicação de mudanças na dieta.

     

    Referências

    1. Benninga MA, Nurko S, Faure C, Hyman PE, Roberts IST, Schechter NL. Childhood Functional Gastrointestinal Disorders: Neonate/Toddler. Gastroenterology. 2016;150:1443-55.
    2. Patient education: Colic (excessive crying) in infants (Beyond the Basics)
    3. Conheça todos os alimentos que causam cólica no bebê - Nutritotal
    4. Alimentação na amamentação: o que comer e o que evitar? - Nutritotal
    5. O uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos